domingo, 17 de julho de 2016

Concluindo minha jornada como Au Pair

Antes de embarcar em um avião para o meu ano como Au Pair eu tinha várias idéias em mente.
Pensei que não sentiria tanta falta de minha família a kilômetros de distância, que não conheceria tantos lugares e pessoas ou que ficaria mais de um ano trabalhando como nanny (babá), morando na casa alheia.

A VIDA É UMA JORNADA


Hoje aqui escrevo, após ter concluído 7 meses como Au Pair.
Não foram 2 anos no cargo, nem mesmo 12 meses. Foram 7 meses totalmente inesperados e desafiadores. Passei por 2 Rematchs, por dias felizes e dias tristes.

Embarquei para New York dia 25 de Outubro de 2015 sem saber o que esperar, mas com esperança de ser algo bom.

Estive em New York e conheci Manhattan e a incrível escola de treinamento da agência Cultural Care em Long Island! Me apaixonei por cada dia daquela semana.

New York
Cultural Care Training School/ Saint John`s University - Long Island, NY


Conheci jovens de todo o mundo, Alemanha, Colômbia, Brasil, Argentina, Áustria, Itália, França, Finlândia, China, Korea, Japão... Fiquei maravilhada com tanta cultura e diversidade de formas, idades, línguas, cores e histórias.

No fim daquela semana embarquei para San Francisco, Califórnia para conhecer a minha tão sonhada host family. E então iriamos para San Mateo, onde eu moraria.
Estava simplesmente sem palavras por estar ali, vivendo cada passo.

Em algum lugar dos EUA, nas alturas...

Cheguei.
A família com quem falei por mais de dois meses por e-mails e skype acabou sendo bem diferente do que eu havia imaginado... super impessoais.
Percebi então que eu não era parte da família. Afinal, se eu fosse, passaria mais tempo com eles e não teria a tarefa de "ajudar a dobrar a roupa de todos da casa, roupas íntimas também. Era apenas um favor..."
Se eu fosse parte da família não me sentiria humilhada por limpar o chão após comer e ouvir que "poderia limpar melhor da próxima vez".

Eu não estava esperando, mas nesse momento conheci uma brasileira super mãezona que me resgatou da saudade de casa e solidão, me deixou morar com ela por 4 dias durante o feriado e cuidou de mim como filha, com almoço e tudo! =D

Ação de Graças 2015

Não esperava conhecer americanos que amam a Deus como eu amo e que mostraram esse amor por mim, orando, dando caronas e sendo amigos.

Não esperava entrar em um Rematch (troca de família) por vontade própria, pois eu havia planejado tudo tão bem. Mas era verdade, estava acontecendo comigo. E não era assustador como dizem, não mesmo. Com certeza diferente e uma baita superação.

Não esperava ser acolhida por uma Coordenadora Local incrível e excepcional! Amorosa e disposta a ajudar. Não esperava me sentir parte da família dela nos dois dias em que morei com eles.

Embarquei para Los Angeles, também Califórnia, dia 07 de Dezembro de 2015, para morar com outra família em Hermosa Beach e continuar minha jornada em outro local.
Eu estava simplesmente surpresa por ser corajosa o suficiente para fazer aquilo, sozinha em um aeroporto internacional, esperando para embarcar em outra aventura.



A nova família me surpreendeu ao me receber com animação. As crianças e eu criamos laços de verdadeiro amor e a saudade de casa diminuiu um pouco.
O Natal passou, assim como o Ano Novo, e as coisas começaram a ficar um pouco mais reais.




As tarefas da casa que seriam feitas "em equipe" começaram a ser as minhas tarefas. A responsabilidade de cuidar dos animais de estimação, ou tirar o lixo transbordante da cozinha, ou "guardar a pequena/grande louça do jantar e café da manhã" se tornaram parte da minha rotina.
E então, novamente percebi que eu não era parte da família.
Novamente me senti como "uma ajudante da casa. Uma pessoa que trabalha para eles, dorme no quarto deles e come a comida que eles compram", como se eu devesse algo, devido às atitudes e a postura de "me pedirem favores".

Percebi que o meu salário não seria suficiente para planejar o meu futuro imediato. Receber um salário menor do que o salário mínimo do país teve um real impacto em meu planejamento. Aceitei essa condição ainda no Brasil, mas no dia a dia do país percebi que o trabalho que eu exercia como babá e quase como uma cuidadora da casa era uma exploração devido ao salário que eu recebia.

Trabalhar até 10 horas direto, receber um pequeno salário e precisar me adaptar a uma casa que não era a minha nunca foi a minha visão de intercâmbio cultural. Ao menos pensei que a troca cultural seria diferente.

Acima de tudo, não desejei viver o preconceito por ser jovem e imigrante em ambas as casas onde trabalhei, não abertamente, mas nos detalhes e pequenas atitudes.

Não esperava entrar em um segundo Rematch!!
Ou chorar de solidão e desespero por querer permanecer nos EUA de outra boa e legal maneira, afinal era parte do meu sonho e era como se ele estivesse acabando para sempre.



Mas novamente fui surpreendida por outra Coordenadora Local totalmente prestativa e atenciosa.

Conheci pessoas em outras igrejas. Brasileiros, Americanos, estrangeiros.

Pessoas com o coração grande! Alegres em ajudar.
Aqueles que me acolheram por duas semanas até eu embarcar ao Brasil ou me levaram até suas casas para passar o dia e almoçar.

Pessoas cheias de amor que talvez nunca verei de novo, mas naquele momento se doaram por um estranho.


Visitei lugares incríveis, praias californianas, exposições de artes lindas, museus e lugares de música.


San Francisco

Hammer Museum - Los Angeles

Comi comidas diferentes e andei com pessoas do mundo inteiro. Quanta diversidade!

Em meio a tantos momentos ruins, houve tantas coisas boas.
Risadas, descobertas, realizações.

Hermosa Beach, CA

Aprendi a ser um pouco "menos organizada" com os americanos e vi que a minha mala pode ser mais leve, porque eu me adapto da mesma forma haha

E percebi que viver sem amor, viver sem Deus que é amor e sem pessoas que te amam não tem muito sentido.
E percebi que sempre há esperança e há amor para as nossas vidas.
Fazer as coisas sozinho é terrível e entediante pra caramba! Entendi que toda a beleza e experiência vale a pena quando compartilhada.


Morar na mesma casa em que você trabalha pode ser ruim, muito ruim mesmo!
Afinal, no fim do dia você continua no seu trabalho.


Então... tendo vivido tudo isso, decidi que eu não seria mais Au Pair. Concluiria o segundo Rematch sem fechar com nenhuma nova família. Também não ficaria naquele país da maneira errada, pelos motivos errados.

(dica: eu não podia pagar pelo meu voo de volta, então resolvi esperar duas semanas até o fim do rematch e como não fechei com nehuma família, a agência pagou pelo meu retorno).

Embarquei em um avião para o aeroporto de Santiago, no Chile dia 30 de Maio de 2016.
Dia 31 cheguei ao Brasil.

...

O programa Au Pair não foi o que eu esperava em muitos muitos aspectos.
Não foi o que eu planejei.

Se eu seria Au Pair de novo? Não!
Se valeu a pena tentar? Sim, com certeza.

Se eu não tivesse ido, não teria conhecido. Não teria visto as INÚMERAS possibilidades que existem também para pessoas trabalhadoras, working class (trabalhadores humildes, esforçados) mundo afora. O programa Au Pair não é a única opção e hoje vejo isso.
Conheci lugares e pessoas sensacionais e isso valeu a tentativa.


Se eu indicaria o programa de Au Pair para você que está lendo?
Posso te dizer algo: a minha história não define a sua história. E a beleza está nisso.
Eu tentei, morei com famílias que não deram certo e conheci lugares ótimos e diversas pessoas.
Você faz parte de uma sociedade e talvez de uma família. Deus também te criou como indivíduo e acredito que Ele e você podem decidir os passos de sua história.

Digo que presenciei o amor de um Deus bom em todos os momentos difíceis e ele me manteve em segurança durante todo o tempo.
Talvez isso pode te ajudar em sua decisão, seja ela qual for.


E o blog, como fica?
Continuo escrevendo nele, um dia aqui, outro ali...
Não sei se volto a falar sobre o programa Au Pair, pois não sou mais parte dele, mas escrever é sempre bom!

Continuem mandando dúvidas, comentários, e-mails sempre que desejarem. Adoro recebê-los e fico feliz em manter essa página como um forúm de ajuda.

O futuro aguarda... e a vida pode ser vivida... Nacional ou Internacionalmente.


See you soon, somewhere! (Nos vemos em breve, por aí)


2 comentários:

  1. É 2018 e estou lendo essa publicação, você faz um trabalho incrível. Nunca deixe de escrever! Me senti próxima e acolhida com suas palavras simplesmente pela sua forma de escrita. Um bjo

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    1. Olá, bem vinda ao blog!

      Super obrigada pelo comentário e carinho. Sabe que fazia um tempo que eu não lia esse post... reli hoje, depois de ver sua mensagem, e relembrei o momento da escrita e a jornada :)

      Fico feliz que o que escrevi falou contigo, e falou comigo também, depois de 2 anos que publiquei!
      E continuo escrevendo sim, hoje como estudante de jornalismo :)

      Abraços e sucesso!

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